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Agricultura Sustentável: desafios e oportunidades

Foto do escritor: MillenniumMillennium

Atualizado: 28 de out. de 2024



A Revolução Verde foi um movimento que começou na década de 1940 e se estendeu até a década de 1960, com o objetivo no aumento da produção agrícola em todo o mundo, especialmente países em desenvolvimento. Assim, alcançado através da introdução de novas tecnologias, com variedades de plantas de alto rendimento, uso intensivo de fertilizantes, pesticidas e sistemas de irrigação avançados. Embora tenha ajudado a aumentar a produção de alimentos, também levou a preocupações sociais e ambientais (DOS SANTOS, 2020).


Pelo seu alto custo de investimento, foi adotada pelos agricultores que eram capazes de adquirir novos meios de produção e nas regiões favorecidas, onde era possível a rentabilização dos produtos. Em muitos países os poderes públicos favoreceram intensamente a difusão dessa revolução comandando políticas de incentivo aos preços agrícolas, de subvenções aos insumos, de bonificação dos juros de empréstimos e de investimento em infraestruturas de irrigação, drenagem e transporte (MAZOYER; ROUDART, 2010 apud STRADA, 2023). Enquanto no setor privado, instituiu-se um oligopólio, no qual as dez maiores corporações detêm, aproximadamente, 60% do mercado global de exploração e transformação de fertilizantes (STRADA, 2023).


Já, os pequenos agricultores que não podiam pagar por essas novas tecnologias muitas vezes ficavam em desvantagem em relação aos grandes produtores e marginalizados. No que se refere às consequências não somente econômicas, também sociais, a “política de desenvolvimento no campo” foi um processo seletivo que acentuou as desigualdades, a concentração dos estabelecimentos agrícolas e o desaparecimento significativo de pequenos agricultores. Sem condições de aumentar seus rendimentos, tornaram-se obsoletos para acompanhar as exigências de produção agrícola. O êxodo rural, em face da mecanização, foi outra consequência social grave, causando a migração acentuada para as cidades (ZANONI, 2004) com a favelização nunca vista, à medida que as pessoas deixavam o campo. O lucro agrícola migrou para a agroindústria, deixando os produtores rurais com margens estreitas e levando a endividamento. A Revolução Verde não resolveu os problemas nutricionais e de fome, apesar do aumento na produção e produtividade.


Os principais impactos socioambientais associados à agricultura convencional incluem:

. Aumento das emissões de gases que intensificam o efeito estufa, contribuindo para as mudanças ambientais globais e climáticas inclusive.

. Maior dependência de insumos químicos, como fertilizantes e pesticidas, além de caro e ter efeitos negativos no meio ambiente.

. Erosão do solo, onde ocorre à perda de terras aráveis e à diminuição da fertilidade do solo.

. Impacto nos corpos hídricos e lençóis freáticos devido ao escoamento superficial com pesticidas, fertilizantes sintéticos e outros agroquímicos.

. Ameaças à saúde humana relacionadas ao uso de produtos químicos na agricultura inclusive as embalagens.

. Desmatamento para a expansão das áreas agrícolas acrescenta-se a pecuária.


Como exemplo, o avanço dos monocultivos de soja: vem contribuído para a degradação da biodiversidade e provocado a insegurança alimentar e nutricional, cenário que indica a importância de construir processos de mobilização e incidência política na construção de estratégias para formação de “Territórios Livres de Agrotóxicos”. A importância da vigilância em saúde ambiental, que inclui o monitoramento e controle de substâncias químicas e os agroquímicos, como preconiza a Resolução nº 583, de 10 de maio de 2018. A criação e ao aprimoramento de políticas públicas, programas, projetos, leis e experiências municipais, estaduais importantes de apoio a soberania, segurança alimentar e nutricional e agroecologia, sobretudo em infraestrutura e assistência técnica. Aumentar a produção e fortalecer os circuitos curtos de comercialização com justiça social e em defesa dos bens comuns e dos direitos territoriais. Valorizar os modos de vida das comunidades e povos tradicionais e suas famílias que devem permanecer no território, muitos, verdadeiros guardiões e guardiãs da biodiversidade.


Esses impactos destacam a necessidade de práticas agrícolas sustentáveis que minimizem danos ao meio ambiente e promovam o equilíbrio dos serviços dos ecossistemas. A discussão sobre agricultura sustentável no Brasil é importante e não tem avançado como a disseminação de práticas agrícolas de baixa emissão de carbono e ganhos em políticas socioeconômicas e de desenvolvimento rural. Ainda, no entanto, a questão da reforma agrária é um entrave que precisa ser removido para garantir uma distribuição mais justa da terra e promover práticas agrícolas sustentáveis em uma escala maior. É um processo, como muitíssimos outros no país, que envolvem políticas públicas, educação, participação ativa da sociedade e transparência com responsabilidade.


Para reduzir o uso de herbicidas (por exemplo) na agricultura, pode-se melhorar as técnicas agrícolas:

. Isso inclui o estudo e compreensão da terra e a rotatividade de plantio para evitar o uso de herbicidas e mais, principalmente os com altas toxicidades.

. Adotar estratégias de manejo integrado de plantas daninhas, isso ajuda a diminuir o número de aplicações de herbicidas e os riscos associados.

. Utilizar técnicas de manejo integrado de pragas para promover um equilíbrio vegetal e monitorar as pragas, evitando excessos no uso de defensivos.

. Uso de herbicidas pré-emergentes para controlar as ervas daninhas no leito da semente, dando vantagem competitiva à cultura e gerenciando a resistência.


Essas práticas contribuem para uma agricultura mais sustentável e menos dependente de produtos químicos.  É conhecido, por exemplo, que herbicidas à base de glifosato têm efeitos prejudiciais sobre os polinizadores. Isso inclui potenciais riscos à saúde, comportamento e capacidade reprodutiva dos polinizadores, enfraquecendo as colônias e reduzindo sua capacidade de polinização eficaz.


Alguns agroquímicos foram restringidos ou proibidos por lei no Brasil para proteger os polinizadores. Por exemplo, o uso do agrotóxico Tiametoxam foi restrito pelo Ibama para proteger as abelhas, proibindo sua aplicação por meio de pulverizações.

Mas, os Herbicidas, conhecidos popularmente como "mata mato", podem afetar negativamente os polinizadores inclusive. Mesmo níveis subletais de exposição podem prejudicar o ambiente. O termo "mata mato" é um apelido comum para herbicidas que contêm glifosato, uma substância ativa amplamente utilizada em produtos como Roundup e Randap. Patenteados em 1974, por John Franz (químico) da empresa Monsanto, os primeiros herbicidas a base de glifosato. Estes são os herbicidas mais utilizados no Brasil e no mundo para o manejo de plantas daninhas.


A Monsanto sempre foi alvo de críticas por suas práticas agrícolas e pelo impacto ambiental de seus produtos, como os agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas. Alguns estudiosos e críticos argumentam que a empresa priorizava lucros acima da segurança alimentar e do meio ambiente, e que possui um monopólio no mercado de sementes geneticamente modificadas.


Adquirida pela Bayer em 2018, por $63 bilhões e decidiu "aposentar" o nome Monsanto, o que pode ter influenciado a percepção pública e a cobertura midiática das atividades da empresa. Após a aquisição, o valor de mercado da Bayer em Frankfurt estava pouco mais a esse montante.


A Bayer é uma das maiores empresas no setor de agroquímicos, mas não possui um monopólio. Existem outras grandes corporações que também têm um controle significativo sobre as sementes e agroquímicos do mundo. Atualmente, quatro corporações — Bayer, Corteva, ChemChina e Limagrain — controlam mais de 50% das sementes do mundo, o que demonstra uma concentração significativa no mercado.

 

Os desequilíbrios provenientes dos agroquímicos aos serviços ecossistêmicos, em particular a polinização considera-se de extrema importância para o equilíbrio ecológico do planeta. Seja em ecossistemas agrícolas ou naturais, as abelhas são as principais polinizadoras (BIESMEIJER e SLAA, 2006; FAO, 2004).


Os polinizadores brasileiros enfrentam vários agravos, incluindo:

Perda de habitat, devido ao desmatamento, hoje todos nossos biomas são afetados.

Uso indiscriminado de pesticidas, são tóxicos para os polinizadores e humanos.  O alerta é desde 1940 com a Rachel Carson, bióloga marinha, ambientalista, zoóloga, ensaísta, conservacionista, escritora, denunciante.

Mudanças ambientais, que afetam os ciclos de floração das plantas e a disponibilidade de recursos. Principalmente os ciclos biogeoquímicos.

Espécies invasoras, que competem com polinizadores nativos. Desequilibram os ecossistemas.

Contaminação, especialmente em áreas urbanas, que pode afetar a saúde dos polinizadores e humanas.

Esses fatores ameaçam a sobrevivência dos polinizadores e, por consequência, a biodiversidade e a agricultura que dependem deles.

 

Os polinizadores são essenciais para a propagação de espécies vegetais, pois são responsáveis pelo transporte de pólen entre as flores, o que possibilita a reprodução sexuada das plantas. Assim, os agentes polinizadores bióticos, como abelhas, borboletas, pássaros e morcegos; e abióticos, como o vento e a água.

 

Além disso, os polinizadores contribuem significativamente para a economia, gerando bilhões em culturas beneficiadas pela polinização por insetos e trilhões em cultivos dependentes da ação dos polinizadores. A preservação e conservação desses agentes é crucial para a biodiversidade e para a agricultura.

 

No Brasil, os principais polinizadores são as abelhas, que representam cerca de 66% das espécies de polinizadores e são responsáveis por quase 80% dos cultivos polinizados. As abelhas sem ferrão (Meliponina), por exemplo são especialmente cruciais, sendo responsáveis pela polinização de 40 a 90% das espécies arbóreas no país. Outros polinizadores importantes incluem besouros, borboletas, mariposas, aves, vespas, moscas, morcegos e percevejos (TRINDADE et al., 2004).


Os beija-flores desempenham um papel vital na polinização. Eles são especialmente importantes para plantas com flores em forma de tubo. Com seus bicos longos e habilidade de voo estacionário, os beija-flores acessam o néctar no fundo dessas flores. Ao se alimentarem do néctar, eles carregam pólen em seus bicos, cabeças e barrigas, transferindo-o de uma flor para outra e facilitando a reprodução das plantas.

As borboletas também são polinizadoras importantes, especialmente para flores silvestres e outras plantas nativas. Elas ajudam a manter a saúde e a propagação dos ambientes florais que visitam. Ao moverem o pólen enquanto se alimentam de néctar, elas auxiliam na polinização cruzada de muitas plantas, o que é vital para a produção de sementes e frutos. No entanto, elas não são tão eficientes quanto as abelhas na movimentação do pólen entre as plantas.



No entanto, ainda há desafios, pois, alguns agrotóxicos que são prejudiciais aos polinizadores continuam sendo usados e até importados de outros países. É um tema recorrente que envolve a saúde humana, dos ecossistemas e a produção agrícola. Com relação a prevalência do agrotóxico ou agroquímico, em 2018 a agricultura brasileira usou  549.580,44  toneladas  de  ingredientes  ativo.  Esse número equivale ao consumo médio  individual  de  7  litros, anualmente (BORTOLOTTO et  al, 2020 apud VIEIRA & BATISTA, 2023). Tendo em vista que o Brasil está em primeiro lugar no ranking de pais com maior consumo de agroquímicos no mundo (VIEIRA, 2023). Considerando-se a saúde ambiental, individual e coletiva,  é um  dado extremamente preocupante.


Nossas referências para elaboração do artigo, estão a disposição de todos os interessados. Basta solicitar e enviaremos para o seu e-mail.


 
 
 

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