James Cameron destaca que um dos grandes desafios enfrentados pelas comunidades de IA está relacionado à angústia, ansiedade, medo e raiva. Esses são sintomas que ele conhece bem, pois um de seus pais sofria de demência. Após vivenciar todo o ciclo da doença e refletir sobre o assunto, ele concluiu: “Esta deveria ser a grande preocupação da comunidade de IA.” Cameron enfatiza que, quando hipervalorizamos a IA e negligenciamos questões humanas, aceleramos o medo e a depressão, o que pode resultar em perda de controle. Esses sintomas são semelhantes aos observados nas pessoas hoje, que se tornaram dependentes da tecnologia. A situação tende a piorar progressivamente.
Estudos mostram que o uso excessivo de tecnologia está associado a um aumento nos níveis de ansiedade e depressão (Moura et al., 2024). Muitos jovens e adultos relatam sentir ansiedade quando estão longe de seus dispositivos móveis, um fenômeno conhecido como 'nomofobia'. Essa condição indica a angústia ou desconforto causado pelo medo de ficar off-line (King; Nardi, 2014). Sherry Turkle, no livro "Life on the Screen", afirma: “Estamos cada vez mais conectados tecnologicamente, mas cada vez mais desconectados emocionalmente.” Embora as tecnologias supram nossas necessidades de comunicação, elas também criam uma solidão coletiva, mesmo para quem está “sempre ligado”. As tecnologias geram uma falsa sensação de proximidade e companhia.
As reflexões de Cameron e dos pesquisadores são importantes, mas a ciência já tem respostas há várias décadas. Pesquisadores da Universidade Harvard e da Universidade do Texas descobriram um elemento comum à criatividade e aos desequilíbrios mentais: a predisposição a estímulos externos, conhecida como inibição latente. Carson e Peterson, autores de um estudo publicado no "Journal of Personality and Social Psychology", explicam que a inibição latente é um processo mental que nos permite ignorar estímulos irrelevantes, evitando sobrecarga sensorial e ajudando-nos a focar em tarefas importantes.
Pessoas com baixa inibição latente, mais sensíveis a estímulos externos, percebem detalhes que outras pessoas podem ignorar. Isso pode levar a uma maior criatividade, pois estão constantemente recebendo novas informações e ideias. No entanto, também pode causar distração e dificuldade em filtrar informações irrelevantes. Estudos mostram que pessoas com baixa inibição latente tendem a ser mais criativas e abertas a novas experiências, mas essa característica também pode estar associada a desequilíbrios mentais, como psicose, especialmente em indivíduos com QI abaixo da média.
O uso de mídias e tecnologias transformou profundamente as relações humanas de várias maneiras. Por exemplo:
Conexão e Distância: As tecnologias permitem conexão instantânea com pessoas ao redor do mundo, mas podem criar uma sensação de distância nas interações face a face.
Comunicação Instantânea: Aplicativos de mensagens e redes sociais facilitam a comunicação rápida, mas também podem levar a mal-entendidos devido à falta de nuances e expressões faciais.
Exposição e Privacidade: As mídias sociais permitem compartilhar nossas vidas com um público amplo, mas isso levanta questões sobre privacidade e a pressão para manter uma imagem pública.
Informação e Desinformação: A internet é uma fonte rica de informações, mas também pode ser um terreno fértil para desinformação. É essencial desenvolver habilidades de pensamento crítico para navegar nesse ambiente.
Educação e Aprendizado: As tecnologias revolucionaram a educação, oferecendo acesso a recursos e cursos online. Contudo, a dependência excessiva de dispositivos pode afetar a capacidade de concentração e aprendizado profundo.
Saúde Mental: O uso excessivo de tecnologias e mídias sociais pode impactar a saúde mental, levando a sentimentos de ansiedade, depressão e isolamento. No entanto, também pode ser uma ferramenta para encontrar apoio e comunidades online.
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